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Aos 88 anos, ex-funcionário do BB vai à 7ª Copa seguida
Fonte: Terra Esportes
O aposentado José Flaert Brasil Fernandes, 88 anos, tem uma relação única e especial com o país em que nasceu. Além do sobrenome, fez carreira no Banco do Brasil e agora vai à 7ª Copa do Mundo seguida para torcer pelo Brasil. Começou essa curiosa saga em 1998, na França, aproveitando sua presença naquele ano na Europa a trabalho. Gostou da experiência e manteve o que se tornaria um hobby.
Em 2002, já afastado do dia a dia de sua atividade profissional, esteve na Coreia do Sul e Japão e viu a Seleção faturar a taça de campeão. A partir daí, foram quatro frustrações – a maior delas vivida em 2014, no Mineirão, onde presenciou o rolo compressor da Alemanha passar por cima do Brasil sem piedade.
Mas ele não perdeu o ânimo. Nessa segunda (21), embarca para Paris, de onde viajará para Doha.
Torcedor do Flamengo e, portanto, acostumado com títulos, estará em companhia do amigo Antônio Mendonça, seu escudeiro. Recentemente, José fez um check-up com seu médico, submeteu-se a uma bateria de exames e foi liberado para encorpar a torcida brasileira no Catar.
Da atual companheira, Glória, das filhas Nancy e Vera, dos três netos e até dos bisnetos ouviu conselhos para que tome cuidado e evite excessos.
“Só não entendi por que o Tite não convocou o Gabigol, que merecia uma vaga no grupo”, lamenta o acreano, nascido em Rio Branco e que coleciona imagens das visitas a mais de uma centena de países enquanto trabalhava como auditor do Banco do Brasil.
José comprou bilhetes para os três jogos da Seleção brasileira na fase de grupos e também para uma partida das oitavas de final. Quer ficar no Catar pelo menos até 18 de dezembro, dia da decisão. No entanto, voltará para o País se o Brasil for eliminado antes.
“Estou confiante, é o melhor time que temos desde 2002 e já não dependemos apenas do Neymar.”
Para a estreia, dia 24, aposta numa vitória do Brasil sem sustos contra a Sérvia: 3 a 1. Espera que Pedro seja escalado e marque um dos gols.
Das muitas lembranças que guarda de seus seis mundiais consecutivos, uma é repetida várias vezes em rodas de amigos. Em 2014, não conseguiu comprar os ingressos para os jogos da Seleção, embora tenha se inscrito no site de vendas. “Fiquei desesperado, perder os jogos do Brasil logo no nosso país?” Sem saber o que fazer, teve um estalo. Decidiu enviar uma carta para o presidente da Fifa, Joseph Blatter, relatando o seu drama.
“Já estava desiludido quando recebi um e-mail comunicando que eu seria convidado de honra da Fifa para assistir a todos os jogos do Brasil, com direito a transporte em ônibus especial, batedores até a porta dos estádios, almoço e bebidas especiais. Foi uma alegria imensa e passageira. Durou até o desastre dos 7 a 1 para a Alemanha. Chorei muito naquele dia.”
O vexame brasileiro de 2014, porém, já parece cicatrizado na memória de José Flaert Brasil Fernandes. Agora, com otimismo renovado, torce para um novo título da Seleção. Caso não seja possível, já vai começar a providenciar a viagem para as sedes da Copa de 2026, quando estará com 92 anos. O Mundial pós-Catar será realizado em conjunto por México, Canadá e Estados Unidos.
“Não quero parar não. Parar por quê?”