27 de Junho de 2019

TRIBUTO AO ARQUITETO MARCELLO GRAÇA COUTO CAMPELLO

Por Pedro Rodrigues Barbosa


A vida nos traz muitas alegrias, mas também muitas tristezas com as quais devemos aprender a conviver. Uma das dificuldades mais sentidas é a perda de pessoas que admiramos.  Recentemente nos deixou o arquiteto Marcello.


Nascido em 1928 em família tradicional, recebeu esmerada educação e formou-se pela Escola Nacional de Belas Artes. No Banco do Brasil, onde trabalhou por mais de trinta e cinco anos, teve uma extensa folha de trabalho. Em Brasília projetou a SQS 308, considerada quadra modelo.  No Rio deixou muitos trabalhos com destaque para o Centro Administrativo do Rio de Janeiro no bairro do Andaraí. Com área global superior a 120.000 m², abrigou o maior centro de processamento de dados do hemisfério sul em área, além do bloco da Tesouraria, Gráfica e setores da Direção Geral que estavam espalhados em diversos imóveis pela cidade. Comandou a adaptação para o Banco do edifício de 41 pavimentos da Rua Senador Dantas. Por ocasião da expansão internacional projetou e instalou dependências em Nova Iorque, Paris, Viena, Bahrein e Abidjã, entre muitas localidades.


Em 1986, o então presidente do Banco, Sr. Camillo Calazans de Magalhães, decidiu pela implantação no Rio do Centro Cultural (CCBB), atualmente o mais visitado do Brasil. Sabedor de seus conhecimentos e gosto pelas artes, Marcello foi incumbido de sua realização. Fez estudos e prospecção necessários ao desenvolvimento do projeto de sua autoria, do histórico do prédio de 17.000m², com paredes de mais de 1m de espessura erguidas com arranjo de pedras enormes, argamassa provavelmente com óleo de baleia. Modernizou todas as instalações elétricas, hidráulicas e instalou o novo sistema de ar condicionado central. Garimpou as salas para uso como teatro, cinema, exposições, auditórios e múltiplas atividades conforme seus tamanhos e as limitações técnicas encontradas no velho edifício da Rua Primeiro de Março, 66. Com a cúpula de vidro que substituiu a antiga argamassada, criou a “marca” que mais simboliza o centro.


Este foi um relato resumido da sua atuação como arquiteto do BB. Muita coisa não foi lembrada, mas para que sua memória não caia no esquecimento em um país onde as pessoas que se dedicam a cultura, as artes, inclusive a arquitetura, muitas vezes não são devidamente valorizadas, deixamos aqui uma sugestão: Seria de absoluta justiça a colocação de uma placa no majestoso salão de entrada do centro que registrasse o autor do projeto desta obra, cuja beleza promove e dignifica ainda mais o seu provedor, o nosso Banco do Brasil. 

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