O IMPORTANTE É SER FELIZ

* Por Acilea Pinto da Cunha

De repente vi-me saltitante, correndo pelo quintal atrás da minha cadelinha Jolie ou da minha gatinha pretinha, de olhos verdes, a Candica. Jolie se deitando aos meus pés e mostrando-me a barriguinha para que eu a acariciasse, enquanto Candica roçava seu pelo macio na minha perna.

Eram minhas amiguinhas que eu amava e que também me amavam. Jolie seguia-me por toda parte, lembro-me quando a pegava de jeito para que não fugiste correndo para a rua, sumindo por um ou dois dias e voltando suja, cheia de pulga, mas, feliz e me dando meses depois, uma ninhada de cãezinhos que eu distribuía entre amigos. Já Candica, tinha o seu momento, tempo em que seus miados em forma de lamentos, chamavam seus pretendentes.

E assim, passei minha adolescência feliz e rodeada por minhas amiguinhas que me acompanhavam e completavam e me viam aos poucos deixando a época de juventude e me tornando uma moça séria, ciente de meus compromissos e esperando que dentro de um coração aflito por amar, brotasse algum romance.

E ele chegou na forma mais linda de um príncipe encantado, Ricardo era tudo que eu sonhava, alto, loiro, olhos azuis e com muito amor para dar. E assim nos completamos, nos casamos  e fomos felizes , não para sempre, mas, até que a morte nos separou.

E deixou-me com dois filhos lindos que me deram netos também muito lindos. E, assim eu gostaria de terminar minha história com um final feliz como os contos de fada. Mas a vida é o que é, e não o que gostaríamos que fosse, por isso, hoje, numa cadeira de rodas, vejo o tempo passar, mas não sou triste, tenho muito ainda para ver, espero ir ao casamento de meus netos.

Ainda mais agora que meu filho me deu uma gatinha a quem dei o mesmo nome de Candica e uma linda cachorrinha que chamo de Jolie e continuo vendo a vida esperando agora que Deus me conceda alguns anos para ver os bisnetos.

Adoro a vida e espero ainda algumas etapas  neste meu entardecer. Agora são os bisnetos e depois os tataranetos e depois, ahhh...deixa pra lá...VAMOS MUDAR DE ASSUNTO?

* Associada, jornalista e colaboradora da Revista da AABB-Rio.