Editorias
Seu filho bate no coleguinha?
*Por Jusley Valle
Você morre de vergonha, quando recebe uma anotação na agenda da escola, informando que seu filho bateu no coleguinha de turma?
Não adianta tentar resolver com punição e nervosismo, porque essa atitude só vai piorar o comportamento agressivo dele. Você pode não perceber, mas essa é a ponta do iceberg que esconde uma série de motivos que afetam, negativamente, as emoções das crianças e alteram seus comportamentos. Uma dica essencial é buscar as causas, antes de brigar e gritar.
Sabemos que a habilidade de se comunicar é de extrema importância para nossas relações, seja na família, no trabalho, com nossos amigos, em todas as áreas da nossa vida. E não seria diferente com nossos filhos?
Mas o que alguns pais não percebem é que a comunicação é um dos pilares para a construção do comportamento e do desenvolvimento infantil.
Ao longo do tempo, a criança vai observando a linguagem por meio da qual ela é tratada e educada e converte esse modelo de comunicação na forma de se expressar e, consequentemente, e se relacionar.
Por isso, a gente precisa ficar atento às nossas atitudes e aos exemplos que damos aos nossos filhos. As crianças sofrem influência o tempo todo. Observam e imitam as atitudes e comportamentos dos pais, inclusive a forma que se comunicam.
Ainda muito pequenas, as crianças já começam a vivenciar algumas atitudes dos pais, que, embora não sejam atos agressivos, são violentos no comportamento.
Quando um bebê chora, ele está tentando chamar a atenção dos pais para algo que o incomoda ou para alguma necessidade não está sendo atendida. Pode ser fome, sono, uma fralda molhada, uma dor ou até a falta do ventre materno com o qual ele estava acostumado por 9 meses.
Acontece, que alguns pais deixam o bebê chorar porque não interpretam o choro como um pedido e falam que é ‘manha’, deixando o bebê chorar, porque acreditam que ele precisa aprender com a realidade.
Mas de onde foi que tiramos a ideia equivocada de que a criança precisa aprender pela dor?
Toda criança pode e merece ser educada pelo amor e respeito, mas o que os pais não sabem é que, quando deixam o bebê chorar, acreditando que tal atitude é educativa, na verdade, estão cometendo um ato de violência emocional que faz o bebê se calar por cansaço e desistência.
Infelizmente, a criança para de chorar não porque aprendeu a lição, mas porque se cansou e parou de insistir, por meio do choro, naquela necessidade que não foi atendida.
Os pais não adotam essa atitude, porque querem castigar o bebê, não é isso, mas porque existe uma percepção de que estão educando sendo rígidos. Mas, não atender às necessidades básicas de uma criança representa uma das primeiras características da negligência parental, que, por si só, já é um ato de violência e que pode gerar comportamentos agressivos na infância.
Uma outra forma usar a agressividade como espelho para as crianças é quando os pais usam o grito para se comunicar. Quando gritam entre si ou ameaçam seus filhos, estão apenas criando uma relação de medo e de submissão. Já viu aquela cena de uma mãe aos berros mandando os filhos fazerem silêncio? Ou mesmo, você, já gritou e ameaçou em nome da paz?
Gente, vamos combinar que fica muito difícil para criança entender se é para gritar ou para fazer silêncio porque existe uma incongruência entre a fala e o pedido. Não faz sentido na mente da criança, perceberam?
Existem estudos que comprovam que crianças educadas com gritos e palavras negativas correm o risco elevado de se tornarem agressivas, inseguras e medrosas como resposta ao modelo educacional recebido e, também, como defesa.
É isso mesmo! Lembram daquele ditado ‘o ataque é a melhor defesa”? Quando a pessoa não teve a oportunidade de desenvolver a inteligência emocional e a capacidade de reação aos desafios da vida, ela se defende atacando. A criança agride como forma de defesa porque foi assim que ela aprendeu a se relacionar e não desenvolveu a habilidade de expressar suas emoções e de se comunicar de forma afetiva e respeitosa.
Além disso, minha gente, a comunicação violenta gera falta de conexão com os pais e com os demais membros da família, se ampliando para escola, dificultando a socialização.
Daí, seu filho bater no coleguinha, em vez aprender a se relacionar e se posicionar de forma respeitosa.
A Disciplina Positiva defende a educação sem opressão e sem autoritarismo, mas com afeto, amorosidade e, acima de tudo, respeito.
Invista na educação usando a Comunicação Não Violenta que é uma abordagem que permite a gente se expressar de forma respeitosa, reduzindo a agressividade e a manipulação.
Os pais têm condições de sintonizar o seu discurso, alterando a forma de se comunicar com seus filhos. A agressividade ou a violência pode ser a ponta do iceberg com um mar de emoções e sentimentos submersos na mente dos seus filhos.
Portanto, se você perceber agressividade nos seus filhos, se costuma receber notificações recorrentes de atos violentos cometidos por eles, reflita sobre o processo de comunicação entre vocês, antes de qualquer atitude punitiva com eles.
Um abraço e até o próximo artigo!
Sobre a autora
Eu sou Jusley Valle, Consultora Educacional, Educadora Parental e Fundadora da Academia de Pais Conscientes, o canal mais conectado aos pais e às pessoas interessadas em educação positiva.
Na prática, eu ajudo você a se comunicar de forma afetiva, se conhecer e a lidar com as emoções, encontrando soluções para os problemas do dia a dia, trazendo melhoria nas relações dentro de família com ganho de qualidade de vida.
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