03 de Novembro de 2021

O que é parentalidade?

*Por Jusley Valle


O que é parentalidade?


Parentalidade é um termo que surgiu em 1959, com a psicanalista Therese Benedek. Naquela época, havia uma ideia de que, quando nasce um filho, algo muda no desenvolvimento da pessoa, no caso da mulher. Naquele momento, havia a generificação, fazendo sempre a conexão com o gênero feminino da “mãe-bebê”.


Algum tempo depois, tivemos Paul-Claude Racamier, psicanalista francês (1924-1996) que trouxe um olhar da parentalidade para as crianças com espectro autista e disfuncional, porém mantendo a conexão de gênero “mãe-bebê”.


Já na década de 80, chegamos a Sergio Lebovici (1915-2000), que traz um olhar inovador, moderno e bem mais amplo. Lebovici nos apresentou uma visão transgeracional que fala sobre o que nós, humanos, herdamos da família, sobre o que passamos como legado e, também, incorpora uma visão social, com uma lente transversal sobre o que fazemos e como incorporamos essa herança.


Tais conceitos foram se desdobrando e, atualmente, entendemos parentalidade como o papel de uma geração, composta por pais, avós, cuidadores e todas as pessoas responsáveis pelos cuidados e educação de uma criança.


A parentalidade está, intimamente, ligada à produção de discursos, crenças e valores de uma geração, que servirão de insumos para a constituição da nova geração, garantindo sua subjetividade de acordo com a época e a sociedade em que vivem.


Na prática, o exercício da parentalidade, independente de gênero, camada social, hierarquia, laços consanguíneos está embaixo do guarda-chuva da preservação da espécie. Sem os cuidados básicos para sobrevivência, afeto e amor, o ser humano não sobrevive sozinho, fato que é possível com os outros animais.


Ao mesmo tempo que o ser humano possui habilidades intelectuais superiores ao demais animais, falta a capacidade de sobreviver por si só. Um bom exemplo é um animal que mesmo sem a atenção da mãe, no que diz respeito à alimentação, consegue sobreviver porque encontra outras formas de se alimentar, o que já não acontece com um bebê.


A capacidade adaptativa dos animais é superior à humana, por isso, conseguem resistir às adversidades e crescer sem cuidadores. Se o recém-nascido humano for deixado sozinho, sem leite, higiene básica, aquecido entre outros cuidados específicos e necessários, não sobrevive, porque não consegue se auto cuidar. Essa é uma diferença brutal entre o ser humano e os animais, que também precisam de carinho e atenção, mas sobrevivem sem eles.


Além disso, a parentalidade gira em torno da formação do sujeito, do individuo que está sendo construído e não acontece, obrigatoriamente, pelo nascimento. Parentalidade não tem a ver com gestação e parto, mas com opção, escolhas e reprodução de sujeitos com singularidades.


A parentalidade não tem gênero, difere entre culturas e ocorre por meio de adoção, de uma só pessoa, dos avós, dos tios, dos padrinhos, por diferentes combinações de casais e, inclusive por cuidadores profissionais de creches e escolas.


Para exercer a parentalidade plenamente é necessário desejar e escolher assumir papel e responsabilidade com amor.


Um abraço e até o próximo artigo.

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Sobre a autora

 Eu sou Jusley Valle, Consultora Educacional, Educadora Parental e Fundadora da Academia de Pais Conscientes, o canal mais conectado aos pais e às pessoas interessadas em educação positiva.

 Na prática, eu ajudo você a se comunicar de forma afetiva, se conhecer e a lidar com as emoções, encontrando soluções para os problemas do dia a dia, trazendo melhoria nas relações dentro de família com ganho de qualidade de vida.

 Academia de Pais Conscientes está no Instagram, no Facebook, no YouTube, no Telegram, nas principais plataformas de podcast como Spotify, Apple, Google e no meu Blog, com episódios atualizados em tempo real. Visite os meus sites www.academiadepaisconscientes.com/ e www.jusleyvallecoach.com/

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